Teoria dos Setênios aplicada à Orientação Profissional: ajudando o indivíduo a fazer escolhas profissionais mais assertivas

A Teoria dos Setênios busca explicar a condição cíclica da existência. Essa teoria é uma poderosa ferramenta nos processos de Orientação Vocacional, Orientação Profissional e Life Coaching, dando aos profissionais da área subsídio para apoiar as pessoas em suas escolhas profissionais. Entenda.
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“A vida é feita de escolhas”. Esta frase aparece em diversos contextos: nos relacionamentos, na profissão, no núcleo escolar e acadêmico. Ainda assim, fazer escolhas assertivas é um desafio para as pessoas, especialmente na esfera profissional. Afinal, o trabalho, mais do que custear projetos e viabilizar sonhos, é um dos pilares da vida da maioria de nós.  

Para os jovens, a escolha profissional pode ser ainda mais penosa, e quem trabalha com a juventude sabe disso. Atualmente, o Brasil tem mais de 2.500 profissões catalogadas e novas ocupações surgem na mesma rapidez das mudanças mercadológicas e tecnológicas. Não se sabe o que esperar do futuro das profissões e do mercado de trabalho, mas é certo que o mundo vai continuar se transformando. 

Diante desse cenário, como os profissionais que atuam com desenvolvimento humano, orientação vocacional e coaching de carreira podem efetivamente ajudar o indivíduo a ter os insumos necessários para tomar decisões assertivas, que o levem a um caminho de felicidade, prosperidade e realização?

A Teoria dos Setênios pode ser uma das ferramentas para isso. Esta teoria, que busca explicar a condição cíclica da existência e elucida o entendimento das leis espirituais que regem cada biografia, vem sendo aplicada com sucesso em nossos processos de orientação/coaching vocacional e coaching de carreira e life coaching, estimulando as pessoas a encontrarem em sua própria biografia respostas para suas questões, dúvidas e desafios. Continue a leitura para saber como.

Teoria dos Setênios e a Antroposofia 

A Teoria dos Setênios deriva da Antroposofia, uma doutrina filosófica e mística, criada no início do século XX pelo filósofo, epistemólogo, educador e artista austríaco Rudolf Steiner, também fundador da pedagogia Waldorf. 

A Sociedade Antroposófica do Brasil define Antroposofia  “como um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo método científico convencional, bem como a sua aplicação em praticamente todas as áreas da vida humana.” Diz respeito à capacidade do ser humano moderno de pensar e compreender o mundo.

A Antroposofia pode ser aplicada em diversas frentes. Indica como ampliar e renovar o pensamento científico, tornando-o mais humano e coerente com a natureza. É um caminho que deseja levar o espiritual da entidade humana para o espiritual do universo, estimulando o desenvolvimento da consciência, da autoconsciência, da individualidade e da liberdade.

Teoria dos Setênios: o que é?

A Teoria dos Setênios baseia-se na ideia de que nossa vida é cíclica e se transforma a cada 7 anos (os Setênios). Também propõe uma concepção do ser humano que abrange todas as suas dimensões, em íntima relação com o mundo, buscando explicar o nosso desenvolvimento segundo princípios gerais evolutivos que regem esses ciclos. 

Segundo Steiner, fazer uma leitura da vida estruturada em setênios ajuda o indivíduo a construir seu conhecimento sobre si para buscar um entendimento maior sobre o mundo que o rodeia. Um olhar atento e observador para o individual permite vislumbrar o que há no Todo. 

Mas o que isso tem a ver com fazer escolhas profissionais assertivas? 

Nossa biografia traz muitas respostas sobre nós mesmos e insumos para compreendermos nossos gatilhos e processos decisórios. Além disso, conhecer as características, crises, descobertas e desafios de cada ciclo nos ajuda a reconhecer as características necessárias para vivenciar cada etapa plenamente. 

Para aqueles que se dedicam ao desenvolvimento humano, a Teoria dos Setênios, usando metodologia adequada, pode ser uma poderosa aliada nos processos de orientação vocacional e profissional. Ela traz insumos para o profissional apoiar e assessorar jovens e adultos nos processos de autoconhecimento e autodesenvolvimento.

Teoria dos Setênios: as três grandes fases

A Teoria dos Setênios se divide em três grandes fases.

  1. De 0 aos 21 anos: fase do desenvolvimento físico e da formação da personalidade. Chamada também de fase do amadurecimento do corpo. 
  2. Dos 21 aos 42 anos: fase das escolhas ou fase do amadurecimento da alma. Depois de ter vivido as experiências mais básicas, começamos a entrar, de fato, na sociedade e passamos a tomar nossas próprias decisões. 
  3. Dos 42 anos em diante: fase da maturidade ou fase do desenvolvimento do espírito. Aprendemos com as nossas escolhas, incorporamos a espiritualidade e estamos prontos para encarar a vida com mais sabedoria. 

Conhecendo essas fases, fica mais fácil compreender as mudanças que estamos enfrentando e nos preparar para as que estão por vir, de forma a aproveitarmos todos os ciclos de modo saudável. 

Teoria dos Setênios: ciclos e fases (setênios)

Olhar os ciclos e fases da vida que vivenciamos sob a ótica da Antroposofia e da Teoria dos Setênios é uma forma de ampliar e renovar a nossa forma de viver, de perceber o mundo, de lidar com o outro e de compreender fenômenos.  

Atuando com base nessa perspectiva, o profissional pode entender a fase em que a pessoa está e as demais fases existentes, a fim de orientá-la sobre as mudanças que está enfrentando e as que estão por vir. Isso a ajuda a viver os ciclos de modo saudável e a tornar suas escolhas mais assertivas. 

Os setênios demonstram como se pode entender e viver os ciclos de vida de uma maneira prática e sábia; esse conhecimento é uma poderosa ferramenta para profissionais que atuam com desenvolvimento humano.

Confira as características de cada setênio:

1° Setênio – 0 a 7 anos: pensar, andar e falar

Nesta fase, o movimento da criança é na direção do desenvolvimento do corpo físico e da capacidade motora. Mas, especialmente… a criança vive a liberdade de expressão, a criação, o brincar livre. Vive no mundo dos sonhos e da mais pura fantasia. Se nós adultos disponibilizarmos outros recursos, ela poderá exercitar a sua imaginação para traduzir nas suas brincadeiras o seu mundo interno. 

Ampliar esta oferta para a criança é alimentar seu imaginário. Esses primeiros sete anos precisam proporcionar descobertas. 

2° Setênio – 7 a 14 anos: o nascer emocional

É entre 7 e 14 anos que o mundo externo invade nosso mundo e nós, a partir de dentro, podemos nos manifestar e expandir para o mundo, como um despertar para o próprio sentimento. É quando se constituem os temperamentos (“temperos”).

É hora de enaltecer as diferenças e estimular a tolerância: social, racial, artística, religiosa, de orientação sexual, etc.. Afinal, é no 2º setênio que conseguimos perceber e assimilar que as outras pessoas são diferentes.

A característica deste setênio é a troca. Nesse sentido, o espaço escolar é de grande importância para a criança desta idade, pois ainda estamos muito conectados à opinião e aos ensinamentos do outro. 

Professores exercem um papel extremamente importante, e é a partir dessas referências que a criança vai criando as próprias percepções. É como se essas figuras fossem mediadoras da nossa visão de mundo.

Manifestações de rebeldia são comuns aos 9 anos. São chamadas de “rubicão”; é como se fosse a “adolescência na infância”. Por isso é tão importante ter a referência e o suporte de uma autoridade amada.

Alguns impulsos profissionais se manifestam neste ciclo. 

3° Setênio – 14 a 21 anos: o nascer da identidade

Nessa fase da vida, dos 14 aos 21 anos, o ser humano sai do mundo paradisíaco e cósmico da infância e começa a participar da vida em sociedade. Inicia-se a puberdade e adolescência; as trocas com os outros são cada vez mais constantes. 

O mundo já não é apenas a escola ou a família, mas sim um grande universo, com inúmeras possibilidades. A construção da realidade ideal – presente na fase anterior – começa a ser contrastada com a noção de real, aquilo que se vê, de fato, na prática. 

A vivência neste setênio é “o mundo é verdadeiro”. Nele, é preciso buscar nosso novo “eu” e grupos de que nos sintamos parte. 

O que rege este ciclo é o sentido de liberdade

4° Setênio – 21 a 28 anos: a busca pelo nosso lugar no mundo

Aqui começa a segunda grande fase da vida, a fase das escolhas e do amadurecimento da alma. Depois de ter vivido as experiências mais básicas, começamos a entrar, de fato, na sociedade e passamos a tomar nossas próprias decisões.

É no 4º Setênio (21 a 28 anos) que iniciamos a busca para encontrar o nosso lugar no mundo. A presença de forças zodiacais favorecem uma fase expansiva: conquista de uma posição na vida e de um local de trabalho adequado. Por outro lado, surgem dúvidas como: escolhi o caminho certo? Quais aptidões eu deixei para trás? É a crise dos talentos!

A crise de identidade (ou dos talentos) é o momento de selecionar na “mochila” o que guardar, o que lapidar e o que jogar fora. A pergunta básica aqui é: como vivencio este mundo?

5° Setênio – 28 a 35 anos: questionando e organizando o mundo

O quinto setênio pode ser um dos mais complicados. Esta fase envolve muitas crises, que nos colocam em dúvida sobre nosso papel no mundo (a crise dos 30 anos é a mais comum). A cobrança em excesso, a sensação de impotência e os sentimentos de frustração e angústia são constantes.

Algumas perguntas reverberam:

  • Será que estou no caminho certo? 
  • Qual caminho escolher?
  • Consegui me expressar?
  • Eu me sinto oprimido ou oprimi alguém?

Isso tudo acontece porque estamos em um ciclo que é um divisor de águas. Não somos mais jovens, mas também não estamos completamente maduros ainda. A tendência é que tentemos nos transformar para nos enquadrar em determinado lugar: se não casou, casar; se não terminou os estudos, terminar; cobrança pelo sucesso que ainda não atingiu…

Por mais que esse período de crises seja atribulado, é por meio dele que também nos renovamos e aprendemos novas coisas: quando construímos novos pensamentos e valores, terminamos e começamos outros relacionamentos, mudamos de emprego e de ideologias. Organizar a “casa”, refletindo sobre o passado e projetando o futuro, é uma medida importante a se tomar.

Este setênio pode nos levar a uma busca espiritual ou busca pela harmonia entre todos os elementos da vida.

6° Setênio – 35 a 42 anos: questionando a mim mesmo

É no sexto setênio que todas as reflexões do ciclo anterior se repercutem, gerando impacto em nossa autenticidade. Inclusive, a crise deste setênio é de autenticidade e surgem perguntas como “Qual é o meu propósito de vida? Estou caminhando nele?”.

Já temos maior capacidade de julgamento, já construímos nossa maturidade, a vida está mais bem resolvida economicamente, então também começamos a nos questionar sobre o que faremos dali pra frente, já que estamos alcançando a metade da nossa vida.

O desenvolvimento da nossa alma entra em sua fase final aqui, muito favorecido pela desaceleração da vida. Normalmente, neste setênio, já estamos maduros e boa parte dos nossos objetivos já foram alcançados – a construção da família e a estabilização da carreira, por exemplo –, dando mais espaço para investirmos em nossa espiritualidade.

Nesta fase, é importante ocupar a mente com novas ideias. O desafio é encontrar valores espirituais e absorver as mudanças do ritmo do nosso corpo e da nossa mente.

7° Setênio – 42 a 49 anos: eu tenho minhas respostas

No sétimo setênio, iniciamos uma nova grande fase, e acontece uma mudança de perspectiva. Depois de tantas dificuldades, é chegado o momento de recomeçar. As crises dos setênios anteriores passaram (“nem eram tão sérias assim”, pensamos) e serviram para nos tornar pessoas melhores.

É nossa fase de expansão: não queremos deixar as coisas como estão, buscamos mudanças, voltamos a desafiar nosso corpo. No entanto, há resistência às modificações impostas pelo tempo, como a perda de vigor e as rugas; surge um saudosismo em relação a algumas emoções da adolescência. 

A busca por algo novo, iniciada no final do setênio anterior, precisa ser intensificada aqui, para que se possa encontrar outros sentidos para a vida. Afinal, temos todas as ferramentas necessárias para fazer as mudanças que almejamos. Aquele planejamento pode finalmente ser colocado em prática. 

8° Setênio – 49 a 56 anos: ouvindo nosso coração e nossa sabedoria

Marcado pela aceitação de nós mesmos, este setênio tem como principal destaque a positividade. Mesmo com menos vitalidade, a segurança em relação ao nosso íntimo nos permite olhar os outros e ouvir o mundo. Sentimentos como ética, moral e preocupações universais com causas de natureza humanística são reforçadas. Vem a fase inspiradora ou moral. 

Esse ciclo fica marcado pelo desenvolvimento de uma nova audição. Podemos ouvir o mundo e também o nosso coração para tomarmos decisões que nos guiem no caminho da evolução. Estamos mais conscientes do mundo e de nós mesmos. 

9° Setênio – 56 a 63 anos: abnegação e sabedoria

Neste setênio, o universo interno começa a se sobressair em relação ao externo e a reflexão é uma tendência. Começamos a nos isolar um pouco mais para procurar nossa essência, depois de toda a sabedoria acumulada durante os anos. É uma etapa de abnegação e sabedoria.

Contamos a história da nossa vida por meio de lembranças e imagens positivas que fomos construindo em cada ciclo. Por causa desse movimento, tristeza e arrependimento podem vir à tona, especialmente quando deixamos de realizar algum sonho ou desejo. 

Mais do que nunca, os cuidados com a saúde integral, mantendo corpo e mente ativos, são indispensáveis para encontrar equilíbrio e promover bem-estar.

10° Setênio – 63 a 70 anos: fase do mestre

Alguns autores ainda consideram existir um 10º setênio, que, segundo eles, corresponderia à “fase do mestre”. É o momento de passar o “cajado” do conhecimento. É um novo escutar e, neste momento, a pessoa é procurada para dar conselhos. 

A especialista Dra. Gudrun Burkhard, em seu livro Livres na terceira idade!, denomina esta fase como a da “Reestruturação Biográfica – Idade da Sabedoria”. Para ela, este é o momento de contemplarmos e saborearmos o sentimento de missão cumprida e de nos tornarmos mais livres e realizados. 

Se tomarmos como exemplo a idade média dos vencedores do Prêmio Nobel (62 anos) ou dos presidentes das empresas de destaque (63 anos), identificamos que essas pessoas se encontram no 10º setênio e que ocupam posições que normalmente exigem uma sabedoria decorrente de muitas experiências de vida. 

Teoria dos Setênios e Orientação Profissional

Se observarmos o movimento da vida e dos Setênios citados aqui, constatamos que passamos por fases que são comuns a todas as pessoas, mesmo com nossas individualidades e particularidades. A vida se desenvolve em fases e ciclos de 7 anos que são alheios à nossa vontade e, ao mesmo tempo, cada pessoa escreve sua história através de seus pensamentos, sentimentos e ações.

No processo de orientação vocacional ou profissional embasado na Teoria dos Setênios, o indivíduo tem insumos e suporte de especialistas para buscar em própria biografia as respostas para suas questões, dúvidas e desafios, além de indicativos que ajudam a resolver os dilemas ligados à carreira.

Profissionais formados nesta metodologia compreendem os ciclos da vida e estimulam o jovem a formular perguntas e a buscar suas próprias respostas, ajudando-o a (re)descobrir seu papel na vida. 

Teoria dos Setênios e a metodologia do COP

No COP Maria Antônia, adotamos a Antroposofia como uma de nossas bases filosóficas e a Teoria dos Setênios aplicada à biografia humana como elemento essencial da nossa metodologia. 

Ambas são ferramentas poderosas e vêm sendo aplicadas com sucesso em nossos processos de coaching vocacional, coaching de carreira ou life coaching.

Formação em Orientação Profissional | Metodologia embasada na Teoria dos Setênios

Somos um centro especializado em processos de Orientação Vocacional, Orientação Profissional e Coaching e em formações dentro dessas áreas.

Formamos profissionais para atuar na área de Orientação Profissional e Coach Vocacional e os habilitamos para atuarem com nossa metodologia.  

Após serem certificados, os profissionais formados pelo COP Maria Antônia se juntam à nossa comunidade colaborativa e podem contar com nosso suporte em seus atendimentos de orientação profissional e reorientação de carreira, por meio de mentorias. Saiba mais sobre nossa Formação em Orientação Profissional.

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